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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

NATAL

    O natal está no centro da História. É o dia em que o Filho de Deus se fez homem. Deus, portanto, visitou pessoalmente suas criaturas, o Gênero Humano. Por isso é este dia enaltecido com grandes festas e muita alegria. Trocam-se presentes, reúnem-se  as famílias nas famosas ceias de Natal, procurando, em tudo, a comunhão, no mesmo e intenso amor que dá aos grupos humanos.
    Não há dúvida de que só a encarnação do Verbo de Deus seria abundantemente suficiente para justificar os transportes de amor que marcam esta data. A razão, porém, mais profunda, de toda essa exuberante e singular alegria é que Aquele que nasceu, pobrezinho, em Belém, é o Salvador, chama-se Jesus precisamente porque é o Salvador, como declarou o ano a São José: "(...) chamarás Jesus porque salvará o povo dos pecados deles"(Mt. 1, 21).  O mesmo anunciaram festivos os anjos aos pastores que em Belém vigiavam seus rebanhos naquela abençoada noite: "Nós vos anunciamos uma grande alegria que é para todo o povo: nasceu-vos hoje o Salvador que é o Cristo Senhor". Está reclinado num presépio dessas estrebarias abandonadas em que se refugiaram sua mãe e seu pai nutrício, à míngua de lugar na estalagem da cidade.
    Jesus é, pois o Salvador. E como tal, como Salvador, nasceu Ele feito homem, e ocupa o centro da História. Esta, na sua realidade mais profunda, se divide em dois períodos: o da criação e o da Redenção. No plano da criação, Jesus é o modelo. Como Palavra e Pensamento de Deus, é pelo Verbo, o Filho de Deus, que o Senhor concebe, no todo e nas partes, toda a maravilha da Criação. Convulsionaria esta com o pecado dos homens, ao qual segue-se o período da Misericórdia Divina, o período da Redenção no qual Jesus Cristo origina toda a restauração do Gênero Humano. Ele é o Salvador. Por isso, Jesus é o centro da História. E somente nesta perspectiva pode perceber-se a importância singular, única, do Natal.
    Como inserção de Deus nas vicissitudes humanas, constitui-se o Natal na fonte que origina todo os bens do homem. Recordemos as riquezas inefáveis que Ele imediatamente nos outorgou. Nele e com ele recebemos a Mãe Celeste. A Virgem Santíssima, que, dizemos bem é Senhora nossa, de fato, ao ser constituída Mãe de Deus, constitui-se também nossa mãe, porquanto somos irmãos de seu Divino Filho, que tais nos fez o Filho de Deus quando, pela natureza humana, ingressou na nossa família.
    Seja, pois, nosso Natal um hino de ação de graças à Misericórdia infinita e inefável de Deus, que, se foi divina aos nos criar, ultrapassou, por assim dizer, sua onipotência, aos nos remir, porquanto de pecadores fez-nos santos nas águas purificadoras do Batismo. Demos graças e passemos a viver de acordo com nossa nova natureza, ou seja, retomando as pegadas de nosso Salvador, na oração e na penitência.

Dom Antônio de Castro Mayer.

Retirado do Livro O Pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer Textos Selecionados (1972 - 1982). Venda no site: http://www.editorapermanencia.net/

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Dom Rifan sobre os recentes ataques à CNBB

Dom Rifan, mais uma vez, esquece da fidelidade à Tradição imutável da Igreja e à obra fundada por dom Antônio de Castro Mayer e apoia CNBB petista. Todavia, sua maneira de defesa é sutil, típica de alguém que deseja agradar a duas partes antagônicas.
Para entender um pouco mais os esquecimentos de dom Rifan, seguem os links de uma carta e de um artigo onde ele, quando padre, condena um acordo com Roma do Concílio Vaticano II e a Missa Nova, e abaixo uma imagem onde ele (paradoxalmente) "concelebra" a Missa de Paulo VI.
http://www.montfort.org.br/administracao-apostolica-pessoal-sao-joao-maria-vianney/
http://www.montfort.org.br/old/index.php?secao=cartas&subsecao=doutrina&artigo=20090624135521


Dom Rifan - à direita do papa Francisco.

O BEBÊ E A ÁGUA DO BANHO

Por Dom Fernando Rifan

Tem havido ultimamente insultos à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que me atingem também, pois dela faço parte por ser Bispo católico, pela graça de Deus, em plena comunhão com a Santa Igreja. A CNBB é o conjunto dos Bispos do Brasil que, exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território (CIC cân. 447).  Conforme explicou São João Paulo II na Carta ApostólicaApostolos suos, é “muito conveniente que, em todo o mundo, os Bispos da mesma nação ou região se reúnam periodicamente em assembleia, para que, da comunicação de pareceres e experiências, e da troca de opiniões, resulte uma santa colaboração de esforços para bem comum das Igrejas”. “O Espírito Santo vos constituiu Bispos para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue” (At 20, 28).
Quero deixar bem claro que, por ser Bispo da Santa Igreja Católica, dou minha adesão a tudo o que ensina o seu Magistério, nas suas diferentes formas e na proporção da exigência de suas expressões doutrinárias, sem restrições mentais ou subterfúgios.
Em matéria de política ou questões sociais, minha posição é a da Doutrina Social da Igreja. Por isso, defendo a subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus, a dignidade da pessoa humana, a busca do bem comum, a atenção especial aos pobres, a rejeição do socialismo e do marxismo, nas suas diferentes formas, o direito de propriedade, o princípio da subsidiariedade e os legítimos direitos humanos, principalmente a defesa da vida desde a concepção até o seu término natural.
Ademais, ainda na questão agrária, compartilho com a posição de São João Paulo II quando ensinou: “É necessário recordar a doutrina tradicional de que a posse da terra ‘é ilegítima quando não é valorizada ou quando serve para impedir o trabalho dos outros, visando somente obter um ganho que não provém da expansão global do trabalho humano e da riqueza social, mas antes de sua repressão, da exploração ilícita, da especulação e da ruptura da solidariedade no mundo do trabalho’ (Centesimus Annus 43). Mas recordo, igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que ‘nem a justiça, nem o bem comum consentem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto’ (Rerum Novarum, 30). A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas” (Discurso aos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, na sua visita ad limina, 21março de 1995).
Assim, quem quer que defenda partidos ou grupos que pregam a revolução social, a luta de classes, o igualitarismo total, a negação do direito de propriedade e a ideologia de gênero, não me representa nem pode falar em meu nome nem em nome da Igreja.
Ademais, conforme ensina a Igreja, como Bispo, quero ter sempre uma “prudente solicitude pelo bem comum” (Laborem exercens, 20), “não estou ligado a qualquer sistema político determinado” (Gaudium et Spes, 76), não me intrometo no trabalho político, “por este não ser competência imediata da Igreja”, “nem me identifico com os interesses de partido algum”, ensinando, porém, os grandes critérios e os valores irrevogáveis, orientando as consciências e oferecendo uma opção de vida que vai além do âmbito político” (Bento XVI, Aparecida, 13-5-2007, Disc. Inaug. do CELAM).
Defendo a mesma posição do Catecismo da Igreja Católica quando diz: “Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por própria iniciativa com seus concidadãos” (n. 2442).
Compartilho também com a posição do Papa Bento XVI, hoje emérito, quando ensinou que “a Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo…” (Caritas in Veritate, 9).
É claro que, na crise atual, há quem não siga nessa matéria o critério do Magistério da Igreja. Mas são vozes fora do caminho, mesmo que muitas. Não se pode apoiá-las.
Se há pessoas na Igreja que não seguem seus ensinamentos, temos a obrigação de não segui-las e, se tivermos ciência e competência para tal, de respeitosamente manifestar isso aos Pastores da Igreja (CIC cânon 212, §3), ressalvando a reverência que lhes é devida.
É nesse último ponto que pecam gravemente alguns que se intitulam católicos. Na ânsia de defender coisas corretas, perdem o respeito devido às autoridades da Igreja e as desprestigiam, para alegria dos inimigos dela.
Junto com o combate ao erro, até querendo fazer o bem, acabam destruindo a autoridade, com ofensas, exageros, meias verdades e até mentiras, caindo assim em outro erro. A meia verdade pode ser pior do que a mentira deslavada.
Não quero dizer que não existam os erros que combatem. O que é preciso é evitar as generalizações, ampliações e atribuições indevidas e injustas, onde acontecem faltas ou excessos. A justiça e a caridade, mesmo no combate, são imprescindíveis. Qualquer pessoa não católica que lesse certos sites e postagens de alguns católicos críticos, injuriando os Bispos e autoridades da Igreja, certamente iria raciocinar: “é impossível que tais pessoas sejam católicas, pois não se fala assim da própria família!”.
Como diz o provérbio: “Não se pode jogar fora o bebê, junto com a água suja do banho!”.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

São Simão de Trento, Mártir

"Em Trento, dia de S. Simão menino, o qual foi morto pelos judeus com grande crueldade, e depois resplandeceu com muitos milagres." Martirológio Romano - MDCCXLIII(?), pág 72, dia 24 de março.


Em 1475 na cidade de Trento, norte da Itália, na quinta-feira Santa, uma criança de pouco mais de dois anos desapareceu, causando preocupação e muita aflição nãos só aos pais do garoto como em toda comunidade tridentina.
Filho do casal Andre e Maria, Simão, nasceu aos 26 de novembro de 1472, família pobre viviam em um lugarejo próximo a Trento. Dias antes do desaparecimento do pequeno Simão, o Beato Bernardo da Feltre, franciscano itinerante, ao passar pelo local, previu um acontecimento que causaria muita dor na cidade.
Na noite de quinta-feira Santa, o menino Simão desapareceu. Sequestrado da porta da casa de seus pais e localizado na sexta-feira Santa de baixo da sinagoga local.
Logo identificaram s algozes do pequeno Simão, cerca de 15 judeus liderados por um de nome Samuel. Os malfeitores levaram a criança, a qual diziam que semelhava a um anjo devido a sua beleza e doçura, a sinagoga, amordaçada iniciaram o martírio da pequeno, cortando-lhe e arrancando pedaços de sua face e logo em seguida todos os presentes tirou pedaços do corpo de Simão, colhendo o seu sangue, tudo feito com ele vivo.

Não satisfeitos com a crueldade cometida, o líder, colocou Simão de pé, e mandando que um dos presentes mantivesse os braços do pequeno aberto, como o de Nosso Senhor na cruz, bradando "Como nossos pais trataram o CRISTO! Assim perece todos os inimigos!"pediu aos demais que furassem o corpo de pequeno Simão com agulhas ou com qualquer objeto disponível, o martírio durou pouco mais de uma hora, tendo ainda desferidos socos contra a pequena criança.
Terminando a tortura, os judeus pegaram o corpo do pequeno Simão e o colocaram em barris de vinho, imaginando que encobririam o seu diabólico crime.
Como todos vinham o sofrimento dos pais de Simão, saíram em busca da criança e ao ser delatado por crianças que viram judeus levarem Simão, o líder da sinagoga jugou o barril no rio que passava por baixo do local, e o próprio denunciou aos magistrados que viu algo que semelhava um corpo, preso por baixo da sinagoga.
Resgatando o corpo, pode ver a crueldade a que o pequeno foi submetido, tamanha a maldade testemunhada pelos ferimentos encontrados.
Presos, 17 judeus confessaram o sequestro, tortura e homicídio de Simão, dizendo que o motivo da horrenda morte seria para utilizar o sangue do pequeno na cozedura das suas matzas da páscoa judaica, 15 condenados a morte, entre eles Samuel o líder da comunidade e principal articulador da morte.
Em 1588 foi incluído no Martirológico Romano, com reconhecimento do Papa Sixto IV, citado pelo Papa Bento XIV no Livro I Capítulo XIV nº 4 no trabalho de canonização de santos e também na Bula Beatus Andreas de 22 de fevereiro de 1755, confirmando Simão como Santo. O Papa Gregório XIII reconheceu como mártir do ódio judeu contra o cristianismo, conforme também Clemente XIV.
Em 1965, para agradar os judeus, o Cardeal Montini, então Papa, suprimiu o culto de São Simão, seu relicário foi escondido e removido o culto do calendário. A história do Santo Simão de Trento passou a ser vista pelos pós-conciliares como lendas urbanas E anti-semitas. 

A Capela que outrora foi dedicada a honra do pequeno santo, fora vendida e seria transformada em sinagoga. A Capela era contígua a casa de Samuel o líder da comunidade judaica e do grupo que o martirizou. 
Em 2007 o professor e historiador Ariel Toaff, filho do ex-rabino de Roma Elio Toaff, publicou um livro intitulado Páscoa de Sangue (Pasque di Sangue), onde testifica que judeus sacrificavam crianças para usar seu sangue em pães ázimos para a páscoa judaica, utilizando como exemplo o caso de São Simão de Trento. 
O professor Ariel, após a publicação de seu livro teria sido ameaçado de demissão da universidade, de sofrer sanções legais, desacreditado e dizem que até ameaças de mortes teriam sofridos. Dois meses após a publicação do livro, todas as edições e traduções foram retiradas.


Fonte: http://espelhodejustica.blogspot.com.br/2014/08/sao-simao-de-trento-martir.html

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

BENEFÍCIOS DO JEJUM

Nestas passagens, tiradas de conferências espirituais inéditas, dadas na comunidade de monges beneditinos de Mesnil-Saint-Loup, o pe. Emmanuel ressalta com clareza, apoiando-se na liturgia, os numerosos benefícios do jejum.

«Aconselhamos vivamente que se encoraje os fiéis à observar a abstinência todas as sextas-feiras e à jejuar nas sextas-feiras da quaresma e mesmo, se puderem, estender o jejum e a abstinência a toda quaresma e às quatro Têmporas.» (Mons. Lefebvre aos padres da Fraternidade São Pio X em 1980)

Assim, pois, recomendados pelo pe. Emmanuel e por Mons. Lefebvre, em conformidade com a Igreja, jejuemos "pacificamente, docemente, alegremente".
Pe. Philippe François
* * *
Entramos na Quaresma. É um tempo muito precioso. A Quaresma é uma grande graça de Deus. Como diz são Basílio, na homilia do quarto domingo da Quaresma, o jejum merece todos os elogios. Com efeito, ele alivia o peso da carne, dá à alma como que asas para mais facilmente elevar-se a Deus. Ah! lembro-me que outrora chegava a pensar no fim da Quaresma: "pena não durar para sempre", tanto me sentia à vontade nela. É verdade, no entanto, que não teríamos forças para tanto. Se não podemos prolongar por toda a vida este tempo de penitência, aproveitemos dele quando nos é oferecido.
Pelo jejum, nos privaremos de alguma coisa. Mas é preciso saber que o jejum não consiste tão-somente na privação. Seria ruim se assim fosse: o jejum seria um fardo acabrunhante. Portanto, lembrem-se que toda virtude consiste em duas coisas: na privação e no gozo. Ora, também é assim quanto a virtude da temperança: privamos o corpo da refeição para que a alma goze de Deus. Ah! toda alma que tem amor pelo jejum compreende o que digo. Os mundanos não compreenderão nada. Leiam o prefácio da Quaresma no rito Ambrosiano, que eu reproduzi no Bulletin (fevereiro de 1896), e verão que o jejum alimenta a fé, fortifica a esperança e faz progredir a caridade.
Quanto aos jovens que estão dispensados do jejum, rezem por aqueles que jejuam. De resto, Padres e Irmãos queridos, se queremos jejuar, peçamos a Deus que nos dê força para tanto. É a Deus que devemos pedir esta graça. Sem Deus, sem sua graça, o jejum ultrapassaria nossa boa vontade, e talvez fossemos obrigados a ceder a suas reclamações.
(Terça-feira, 18 de fevereiro de 1896 - véspera da quarta-feira de cinzas)
*
(...) Considerem também que há um grande número de pobres que se sentiram muito felizes se, a cada dia, pudessem se alimentar como nós nos alimentamos na Quaresma. Então não nos queixaremos, ao contrário, alegrar-nos-emos de poder fazer um pouco de penitência. Peçamos a Deus que nos dê a graça de suportar tudo o que o jejum possa ter de duro a natureza. Lembremo-nos desta palavra que pronunciamos no último domingo: Quiddamque poenitentiae da ferre — "Dai-nos suportar alguma penitência". Sim, é muito pouco o que somos capazes de fazer! Mas Deus se contentará com isso. Jejuamos então, pois somos pecadores: se há alguém aqui que não tem pecados a expiar, que reze por nós. O jejum nos será fácil se atentarmos para esta bela oração da Igreja: Paradisi portas aperuit nobis jejunii tempus; suscipiamus illud orantes et deprecantes, ut in die resurrectionis cum Domino gloriemur — "o tempo do jejum nos abriu as portas do paraíso; recebamos-lhe, orando e suplicando, a fim de participarmos da glória do Senhor no dia da ressurreição."   
O jejum nos deu o paraíso; que seja bem-vindo, que o recebamos com ações de graças: suscipiamus illud orantes. Ah! quando se soube domar e castigar o corpo durante a Quaresma, como a alma se alegra na Páscoa! Que alegria espiritual!
Contudo, se algum de vós estiver extenuado pelo jejum, deverá me advertir; então veremos como atender as suas necessidades. Mas, a não ser em situações extraordinárias, jejuemos pacificamente, docemente, alegremente.  
(25 de fevereiro de 1896)
*
No próximo domingo, no ofício de matinas, faremos esta bela oração: Paradisi portas aperuit nobis jejunii tempus; suscipiamus illud orantes et deprecantes, ut in die resurrectionis cum Domino gloriemur.
Esta oração, que só encontramos uma vez na liturgia latina, é quase diariamente repetida na liturgia da Quaresma dos Gregos. Ela é maravilhosamente bela e, ademais, reveste-se de grande interesse, pois assinala a razão fundamental do jejum.
A gula nos expulsou do Paraíso na pessoa do primeiro homem: o jejum nos faz entrar nele. Oh! Quão sublimes os resultados do jejum. Mas não basta somente jejuar: a oração deve acompanhá-lo: suscipiamus illud orantes. Sem a oração, o jejum não teria nenhuma virtude; sem a oração, ele seria até impossível. Oremos e jejuemos. No início da santa Quaresma, eu vos darei diversas orientações. Em primeiro lugar, recomendo a oração. Os que não rezam dizem que não conseguem jejuar. Eu acredito no que dizem facilmente. O corpo privado de alimento protesta pela fome: o estomago vazio se queixa. É impossível resistir a estes gritos se a alma não se elevou a Deus pela oração.
É também preciso que nosso jejum seja um jejum universal. Utamur ergo parcius verbis, cibis et potibus. — "Sejamos, pois, de maior parcimônia no uso da palavra, alimentos e bebidas." Nós nos absteremos de violar o silêncio. É por isso que nossas constituições prescrevem que, após o jantar, cada um deve se retirar para sua célula ao sinal dado pelo sino. Á partir deste momento, até as 4 horas, é o grande silêncio, semelhante ao da noite. A cada um darei um livro; e, durante este recolhimento após o jantar, cada um lerá algumas páginas, para que a alma seja alimentada e fortificada pelas santas leituras.
Ainda uma palavra sobre o refeitório. Durante a Quaresma, quando chega a hora do jantar, o apetite se faz sentir com força: temos a sensação de que comeríamos a mesa junto com os pratos que nela estão! somos levados a comer com precipitação. Ora, isso de nada vale! quanto maior a fome, mais deve-se comer devagar. Se não observarmos esta regra de higiene, nos expomos a uma má digestão. Assim, saibam que, durante a Quaresma, será preciso um pouco mais de tempo para jantar que de ordinário. Assim, a Quaresma será útil aos nossos corpos bem como às nossas almas. Sanará tanto o primeiro como o segundo; de resto, é por isso que foi instituído, conforme testemunha a Igreja na bela oração da missa do primeiro sábado da Quaresma: Hoc solemne jejunium quod animabus corporibusque curandis salubriter institutum est. — "Este solene jejum, que foi salutarmente instituído para a cura de nossas almas e de nossos corpos.
O velho padre de Villadin, nosso venerável patriarca, costumava dizer quando se aproximava a Quaresma: "Eis que o médico vem". Este santo padre fazia a sua quaresma abstendo-se inteiramente de carne. Tinha razão quanto ao efeito do jejum: se os homens jejuassem, evitariam uma série de doenças. Com estas pequenas observações, guardando no coração os cuidados que acabo de lembrar, espero que façam todos uma boa Quaresma. Assim seja!
(2 de março de 1897)
*
Meus caros Padres, nossa observância é tão doce; e, no entanto, sei que sobre o artigo da Quaresma, muitos se permitem criticar a maneira estrita com que nós a praticamos. Contudo, nós simplesmente nos conformamos ao que prescreveu a Igreja. Quanto às dispensas, se não as usamos, é porque delas não precisamos. Se algum de vós tiver necessidade de algum alívio, cabe a ele dar a saber e, sem a menor dificuldade, sua necessidade será satisfeita. Daremos-lhe de comer carne de vaca, cerdo, boi, cavalo se delas tiver necessidade: mas por que usar das dispensas sem necessidade?
Hoje em dia, todo mundo é dispensado: dispensa-se quem quiser. Porém, tal profusão de dispensas é um mal. É preciso que se faça penitência pelos pecados conforme a força de cada um, a quaresma nos foi dada para isso. Se tivéssemos o espírito de um são Bento, de um são Bernardo, julgaríamos nossa observância extremamente doce, até mesmo doce demais. Peçamos perdão a Deus por fazermos tão pouco, e por estarmos tão distantes da penitência de nossos pais.
(22 de março de 1898)
(Traduzido por PERMANÊNCIA a partir de Le Sel de La Terre, no. 27)
FONTE: http://permanencia.org.br/drupal/node/556

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

NUDISMO

Um problema de ordem moral e social sobre que a Igreja sentiu-se na necessidade de alertar os fiéis, é o da exiguidade dos trajes nos meses de verão, ou de permanência em praias ou casas de férias. Diz o aforismo que o bem se difunde por si - bonum est diffusivum sui. O mesmo pode afirmar-se do mal, o mau exemplo, a má ação, a malícia humana, fruto do pecado, suscita imitadores. E o mal se derrama, como as águas se expandem. A Sagrada Congregação do Concílio, encarregada da santificação dos fiéis, recorda-o continuamente, chamando a atenção sobre o pudor no vestir-se e apresentar-se:

Não somente nas praias e nos lugares de veraneio como praticamente por toda parte, nas ruas das cidades e nas aldeias, privada e publicamente, e como frequência NAS PRÓPRIAS IGREJAS generalizou-se um vestir-se indigno e verecundo, que põe a juventude - facilmente inclinada ao vício - em perigo gravíssimo de perder sua inocência, máximo ornamento, o mais precioso, de sua alma e  de seu corpo. O ornato feminino, se ornato pode chamar-se, e os vestidos femininos, se "vestidos pode chamar-se, quando nada apresentam que possa defender o corpo, e nem sequer o mesmo pudor" (Sêneca, De ben. 7.9), com frequência são tais que mais parecem servir à desonestidade do que ao pudor.

Acrescente-se a isto, que toda malícia e desonestidade, privada e pública, é procazmente apregoada nos periódicos, revistas e folhetos, ou apresentada aos maiores concursos de pessoas,  oferecendo-lhes aos olhos, com uma movediça e cegamente luminosamente, nos cinemas (alhures), de maneira que já não é somente a débil e incauta juventude, como também os de idade provecta se sentem atraídos pelas mais soezes solicitações. Não há quem ignore como, de tudo isso, decorrem grandes males e perigos para a moralidade pública. Surge, pois, a necessidade de que não somente se apresente a todos a formosura do pudor apresentada em sua própria luz, senão que se reprimam também e mesmo se proíbam, enquanto seja possível, as lisonjas e excitações dos vícios. Enfim, lembremos o máximo orador romano: "Com frequência vemos vencidos o 'pudor' aos que nenhum argumento poderia vencer" (Cícero, Tusc. II, 21).

Dom Antônio de Castro Mayer - 1986

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

MUÇULMANOS ESPERAM EXPANDIR SEUS ERROS PELA AMÉRICA LATINA - NOSSA SENHORA NOS PROTEJA

Encontro de líderes muçulmanos aponta que América Latina é prioridade
Por Jarbas Aragão
Pouco divulgado no Brasil, ocorreu na última semana na Turquia o primeiro encontro de líderes muçulmanos da América Latina. O tema foi “Construindo as nossas tradições e o nosso futuro”, e teve como promotor o Gabinete para Assuntos Religiosos do Presidente, chamado de Diyantet.
A reunião teve a participação de 76 líderes muçulmanos de 40 países, sob a direção de Mehmet Görmez, chefe do Diyantet. Entre os participantes havia emissários de Brasil, Venezuela, Argentina, Chile, México, Suriname, Uruguai, Paraguai, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Bolívia, República Dominicana, Guiana, Peru, Colômbia, Cuba, Equador, Jamaica e Haiti.
Único continente do mundo que não tem um número expressivo de muçulmanos, a América Latina parece ser o “alvo” do expansionismo islâmico para os próximos anos. “Nós estamos aqui reunidos para discutir questões que dizem respeito aos muçulmanos em países da América Latina, seus cultos religiosos e as oportunidades de cooperação”, disse o Dr. Görmez.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fez um pronunciamento no último sábado, afirmando que “A América não foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1492, mas sim por “navegadores muçulmanos” três séculos antes”. Além de querer mudar o passado, o presidente também parece querer mudar o futuro do continente, oferecendo-se para patrocinar a construção de mesquitas.
O encontro de líderes islâmicos latino-americanos abordou formas de cooperação mútua e como o governo turco poderá ajudar os muçulmanos da América Latina em suas atividades. Um dos principais aspectos levantados por Görmez é que ainda não há islamofobia na América Latina e por isso a resistência ao Islã é menor.
Durante a reunião, outro tema que mereceu atenção foi a falta de imãs fluentes em espanhol e português. A maior concentração de muçulmanos na América do Sul está no Caribe, com cerca de 4,5 milhões de seguidores.
Segundo Mazen Mokhtar, presidente para as Américas da Associação Muçulmana, existe uma “alta taxa” de conversão ao Islã no continente, embora não tenham divulgado números que comprovem essa afirmação.
O número de muçulmanos no Brasil cresceu 29,1% entre 2000 e 2010, segundo o IBGE. Número bem maior que o crescimento médio da população, que foi de 12.3%.
Embora não existam registros oficiais, estima-se que eles possam chegar a meio milhão de seguidores. Os estados com maior concentração seriam São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em muitos deles, existem grandes comunidades de imigrantes árabes. Só na capital paulista há cerca de 10 mesquitas, incluindo A Mesquita Brasil, a primeira mesquita construída na América Latina.
Por que na Turquia?
Embora nem todo árabe seja muçulmano, durante séculos o chamado Mundo Árabe reuniu a maior parte dos seguidores de Maomé do planeta. O último grande império a levar a mensagem de submissão a Alá foi o Otomano, cuja sede ficava na atual Turquia.
Editado pelo Epoch Times

COMONITÓRIO: REGRAS PARA CONHECER A FÉ VERDADEIRA - SÃO VICENTE DE LERINS

Prefácio 
por dom Lourenço Fleichman, OSB


     Quando a tirania sobe ao poder, precisa dar-se meios de governar aqueles que deverão se submeter. Para isso, pode proceder por meio das armas, da violência e da perseguição, ou, por outro lado, por meio de métodos de persuasão mais ou menos enganosos.
     Algo semelhante ocorreu no mundo católico com o advento do progressismo, a partir do Concílio Vaticano II. De tal forma as novidades deste Concílio foram impostas que é lícito falar de tirania religiosa. Uma tirania do pensamento, uma tirania do governo, uma tirania da mediocridade; o conjunto pode ser resumido como a destruição da santidade.
    Enquanto a obra de Vaticano II eliminava, na prática, toda reação mais explícita contra as novidades de um catolicismo naturalista e laicizado, perseguindo os prelados e padres fiéis à Tradição, ela procedia, paralelamente, a um trabalho constante de persuasão daqueles que se deixavam docemente conduzir à nova religião que inventaram.
    Esta obra nefasta atinge o próprio pensamento católico através da mudança de doutrina em praticamento todos os pontos do catolicismo, ataca os vasos capilares do organismo religioso, estabelecendo mudanças de comportamento, de atitudes, de linguagem, que mostram a profundidade da crise do catolicismo. Ser católico hoje já não corresponde ao que se entendia por essa expressão até os anos que precederam o Concílio Vaticano II. Esta dicotomia que separou os católicos em dois campos antagônicos manisfesta-se, assim, tanto na doutrina que é ensinada como no modo de agir: vemos surgir certa esquerda "católica" pregando uma "libertação" que não vem de Deus, mas da Revolução: falam do ódio, da riqueza material, da força militar contra o que eles chamam de opressão; levantam o punho cerrado, vestem-se de guerrilheiros e mentem sem escrúpulos. Reagindo contra esse lado político surgem os carismáticos imitadores dos protestantes, com seus gritos, palmas, desmaios e curas, numa manifestação hiper-sentimental que foge completamente da verdadeira Religião.     Cimentando os dois lados contrários entre si, aparece como regra máxima um certo juridismo eclesiástico que estabelece na obediência às regras deles, a marca essencial do novo catolicismo. Até as vésperas de Vaticano II, a essência da Igreja Católica estava nas quatro notas que designam a verdadeira Igreja de Cristo como sendo Una, Santa, Católica e Apostólica. Subvertendo o significado dessas notas essenciais, os progressistas do pós-Vaticano II darão nova interpretação a elas, confundindo a cabeça do povo fiel que terminará por aceitar as novas regras por medo de se achar fora da Igreja. Ora, essa é a atitude de todo tirano. Uma vez conquistado o poder, puxam a espada e obrigam os súditos a uma obediência ferrenha, mas esvaziada da seiva da verdade.
    Diante de um quadro tão devastador tornou-se urgente dar aos católicos critérios de análise da doutrina ensina por seus pastores e pela enxurrada de livros e textos de internet publicados como o pretenso selo do catolicismo. Do mesmo modo, é preciso indagar a antiguidade a propósito dos costumes hoje espalhados por todo o mundo, pelos quais os batizados manifestam um sentimentalismo jamais aceito pela Igreja. Estes critérios existem há séculos, pois as heresias surgiram desde o início da vida da Igreja. Foram escritos e ensinados por santos e doutores, homens doutos e sábios que perceberam serem os fiéis, em geral, presas fáceis da astúcia dos tiranos. Um desses Santos foi São Vicente de Lerins. Neste livrinho que vocês lerão agora, descortina-se um método eficaz para se guardar a fé em tempos de crise do pensamento, em tempos de crise da própria fé. Nele vocês encontrarão o famoso cânon de São Vicente: quod ubique, quod semper, quod ab omnibus - o que em toda parte, sempre e por todos foi ensinado - isso é de fé católica. O resto é invenção dos homens e deve ser descartado.
    Pouco acostumados com a linguagem dos Padres da Igreja, nossos leitores talvez considerem estas páginas demais simples. Não se equivoquem. A linguagem simples e acessível só confirma a antiguidade do texto e a santidade do autor. Dentro dessa aparência de coisa simples esconde-se a mais alta sabedoria e o amor de Deus. Leiam e releiam esta doutrina santa, aprovada por todos os papas anteriores ao Concílio. Apliquem seu ensinamento ao que hoje é ensinado por esse progressismo e vejam, assim, como proceder para guardar a fé no meio dessa grande heresia modernista que nos assola, que nos persegue e tenta arrancar de vez a fé dos nossos corações.