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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

NUDISMO

Um problema de ordem moral e social sobre que a Igreja sentiu-se na necessidade de alertar os fiéis, é o da exiguidade dos trajes nos meses de verão, ou de permanência em praias ou casas de férias. Diz o aforismo que o bem se difunde por si - bonum est diffusivum sui. O mesmo pode afirmar-se do mal, o mau exemplo, a má ação, a malícia humana, fruto do pecado, suscita imitadores. E o mal se derrama, como as águas se expandem. A Sagrada Congregação do Concílio, encarregada da santificação dos fiéis, recorda-o continuamente, chamando a atenção sobre o pudor no vestir-se e apresentar-se:

Não somente nas praias e nos lugares de veraneio como praticamente por toda parte, nas ruas das cidades e nas aldeias, privada e publicamente, e como frequência NAS PRÓPRIAS IGREJAS generalizou-se um vestir-se indigno e verecundo, que põe a juventude - facilmente inclinada ao vício - em perigo gravíssimo de perder sua inocência, máximo ornamento, o mais precioso, de sua alma e  de seu corpo. O ornato feminino, se ornato pode chamar-se, e os vestidos femininos, se "vestidos pode chamar-se, quando nada apresentam que possa defender o corpo, e nem sequer o mesmo pudor" (Sêneca, De ben. 7.9), com frequência são tais que mais parecem servir à desonestidade do que ao pudor.

Acrescente-se a isto, que toda malícia e desonestidade, privada e pública, é procazmente apregoada nos periódicos, revistas e folhetos, ou apresentada aos maiores concursos de pessoas,  oferecendo-lhes aos olhos, com uma movediça e cegamente luminosamente, nos cinemas (alhures), de maneira que já não é somente a débil e incauta juventude, como também os de idade provecta se sentem atraídos pelas mais soezes solicitações. Não há quem ignore como, de tudo isso, decorrem grandes males e perigos para a moralidade pública. Surge, pois, a necessidade de que não somente se apresente a todos a formosura do pudor apresentada em sua própria luz, senão que se reprimam também e mesmo se proíbam, enquanto seja possível, as lisonjas e excitações dos vícios. Enfim, lembremos o máximo orador romano: "Com frequência vemos vencidos o 'pudor' aos que nenhum argumento poderia vencer" (Cícero, Tusc. II, 21).

Dom Antônio de Castro Mayer - 1986