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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

NATAL

    O natal está no centro da História. É o dia em que o Filho de Deus se fez homem. Deus, portanto, visitou pessoalmente suas criaturas, o Gênero Humano. Por isso é este dia enaltecido com grandes festas e muita alegria. Trocam-se presentes, reúnem-se  as famílias nas famosas ceias de Natal, procurando, em tudo, a comunhão, no mesmo e intenso amor que dá aos grupos humanos.
    Não há dúvida de que só a encarnação do Verbo de Deus seria abundantemente suficiente para justificar os transportes de amor que marcam esta data. A razão, porém, mais profunda, de toda essa exuberante e singular alegria é que Aquele que nasceu, pobrezinho, em Belém, é o Salvador, chama-se Jesus precisamente porque é o Salvador, como declarou o ano a São José: "(...) chamarás Jesus porque salvará o povo dos pecados deles"(Mt. 1, 21).  O mesmo anunciaram festivos os anjos aos pastores que em Belém vigiavam seus rebanhos naquela abençoada noite: "Nós vos anunciamos uma grande alegria que é para todo o povo: nasceu-vos hoje o Salvador que é o Cristo Senhor". Está reclinado num presépio dessas estrebarias abandonadas em que se refugiaram sua mãe e seu pai nutrício, à míngua de lugar na estalagem da cidade.
    Jesus é, pois o Salvador. E como tal, como Salvador, nasceu Ele feito homem, e ocupa o centro da História. Esta, na sua realidade mais profunda, se divide em dois períodos: o da criação e o da Redenção. No plano da criação, Jesus é o modelo. Como Palavra e Pensamento de Deus, é pelo Verbo, o Filho de Deus, que o Senhor concebe, no todo e nas partes, toda a maravilha da Criação. Convulsionaria esta com o pecado dos homens, ao qual segue-se o período da Misericórdia Divina, o período da Redenção no qual Jesus Cristo origina toda a restauração do Gênero Humano. Ele é o Salvador. Por isso, Jesus é o centro da História. E somente nesta perspectiva pode perceber-se a importância singular, única, do Natal.
    Como inserção de Deus nas vicissitudes humanas, constitui-se o Natal na fonte que origina todo os bens do homem. Recordemos as riquezas inefáveis que Ele imediatamente nos outorgou. Nele e com ele recebemos a Mãe Celeste. A Virgem Santíssima, que, dizemos bem é Senhora nossa, de fato, ao ser constituída Mãe de Deus, constitui-se também nossa mãe, porquanto somos irmãos de seu Divino Filho, que tais nos fez o Filho de Deus quando, pela natureza humana, ingressou na nossa família.
    Seja, pois, nosso Natal um hino de ação de graças à Misericórdia infinita e inefável de Deus, que, se foi divina aos nos criar, ultrapassou, por assim dizer, sua onipotência, aos nos remir, porquanto de pecadores fez-nos santos nas águas purificadoras do Batismo. Demos graças e passemos a viver de acordo com nossa nova natureza, ou seja, retomando as pegadas de nosso Salvador, na oração e na penitência.

Dom Antônio de Castro Mayer.

Retirado do Livro O Pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer Textos Selecionados (1972 - 1982). Venda no site: http://www.editorapermanencia.net/