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segunda-feira, 3 de março de 2014

O INFERNO

Há um inferno.
1º A Sagrada Escritura nos diz que há um inferno. Jesus Cristo disse: não temais os que podem matar o corpo, temei os que matam o corpo e alma e os precipitam no inferno. – Se vosso olho, vossa mão, vosso pé vos escandalizam, - isso é, são para vós ocasião de cometerdes o pecado, - arrancai-os e lançai-os longe de vós, para não cairdes no inferno. – O rico avarento foi sepultado no inferno e do meio de seus suplícios bradava: Estou atormentado horrorosamente nas chamas devoradoras, dai-me uma gota de água para refrescar a língua. – No dia do juízo Jesus dirá aos condenados: -- Ide , malditos, para o fogo eterno. – São claras estes palavras.
2º A razão nos diz que há um inferno.
Dois homens que seguem dois caminhos opostos não podem se encontrar no mesmo ponto. Podem encontrar-se e ter a mesma sorte os homens que seguem, uns o caminho do bem, outros o caminho do mal? O justo e o pecador, a vítima e o assassino, a virgem e o sedutor, o mártir e o algoz, a mãe de família honesta e a mulher perdida, podem ir para o mesmo lugar?
Suponhamos que São Pedro e Nero tivessem morrido no mesmo dia e que juntos comparecessem perante o tribunal de Deus. Jesus Cristo pergunta a São Pedro: Que fizeste durante a vida? -- Senhor, era um pobre pescador. Vós me chamastes para ser pescador de almas. Deixei tudo e vos segui. Desde então sabeis qual foi minha vida: rezar, jejuar, pregar, batizar, converter os pecadores, salvar almas, até que fui preso, lançado na cadeia e crucificado por amor de vês. – Eis minha vida e minhas obras. – E tu, Nero, que fizeste? – Eu era imperador de Roma. Zombei de Deus e da virtude, mandei assassinar minha mãe e meu irmão, queimar vivos milhares de cristãos, queimei a cidade de Roma. Afinal, perseguido pelo povo revoltado por meus crimes, suicidei-me. Eis minha vida e minhas obras. Notai que são fatos históricos, coisas que realmente se passaram. E agora, quereis que Deus diga: muito bem, Pedro, muito bem, Nero, vão para o céu? Ou então que diga: vão para o inferno? Nossa razão protesta e nos diz que deve haver uma recompensa para São Pedro e um castigo para o monstro que se chamou Nero. Este castigo é o inferno. Há um inferno.
3º A experiência nos diz que há um inferno. Dizem os libertinos: nunca ninguém voltou do inferno para nos dizer que há um inferno. É precisamente o que o inferno tem de terrível. Dali ninguém volta. Ninguém sai do inferno, diz a Escritura. No entanto, por uma disposição especial da Providência Divina, por exemplo, para nos instruir, isto pode acontecer e de fato tem acontecido. São Francisco de Girólamo pregava em Nápoles, em frente de uma casa em que morava uma mulher de vida má que perturbava a missão com seus gritos e suas gargalhadas. De repente esta cai morta. O santo, logo que soube o que tinha acontecido, foi à casa dela. “Catarina, disse ele, onde estás?” E duas vezes repetiu as mesmas palavras. Repetiu-as uma terceira vez com mais autoridade; e os olhos do cadáver se abrem, seus lábios se movem e na presença de toda a multidão, uma voz, que parecia sair do abismo, respondeu. “ no inferno, no inferno”! Todos fogem, tomados de assombro, e o próprio santo, impressionado, repetia: “no inferno! Deus terrível, no inferno”! É um fato absolutamente certo, a tal ponto que serviu de milagre para a canonização do santo. Há um inferno.
Que é o inferno
Todo o inferno está nestas palavras de Jesus Cristo: “Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno”.
1º O inferno é a separação, a perda de Deus. “Afasta-te de mim, pecador”. É assim que Deus repele para longe de si a alma pecadora. É a perda de Deus, a perda da suma beleza, da suma bondade, do sumo bem. Enquanto nossa alma estiver presa no cárcere da carne, não poderá nunca compreender a imensidade desta desgraça que, na frase dos santos, constitui o inferno dos infernos.
2º O inferno é a maldição de Deus. Afasta-te, pecador maldito. A maldição eficaz de um Deus todo-poderoso. Se é terrível a maldição de um pai, de uma mãe, que será a maldição de Deus? Pecador maldito, maldito no corpo, maldito na alma. Olhos, língua mãos, pés, inteligência, coração, vontade, tudo é maldito, porque tudo serviu de instrumento ao pecado.
3º O inferno é o fogo. Afasta-te de mim, pecador maldito, para o fogo. Quando os profetas falam do inferno, logo se lhes apresenta à imaginação o mar, o mar sem limites e sem fundo, e os condenados, nadando e mergulhando neste abismo de fogo. O fogo os envolve, penetra-os, circula em suas veias, insinua-se até à medula dos ossos.
4º O inferno é a eternidade. Afasta-te, pecador maldito, para o fogo eterno. A eternidade... quem pode compreendê-la! É um tempo que não acaba. Mil anos, milhões de anos, mil milhões de anos. Contai gotas de água do oceano, os grãos de areis das praias, as folhas das árvores... a eternidade tem mais anos, mais séculos. Sempre! Nunca! Sempre queimar, sempre sofre! Nunca o menor alívio, a menor esperança.
Se os condenados que estão no inferno pudessem voltar à terra, que fariam? Procurariam outra vez a ocasião do pecado, as danças, os espetáculos, os bares, as casas de perdição? Não! Correriam para a igreja, ao pé do altar do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora, ao pé do confessor principalmente, para alcançar o perdão de seus pecados. O que os condenados não podem mais, vós o podeis. Não estais no inferno, mas talvez estejais no caminho do inferno. Quanto antes, voltai para trás; talvez amanhã seja tarde.


Fonte: O Pequeno Missionário
Pe. Guilherme Vaessem, C.M.