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quarta-feira, 21 de maio de 2014

O MOVIMENTO CARISMÁTICO (I)

 Artigo do jornal Si Si No No
Suas origens
Tudo começou com a participação de alguns católicos em assembleias de pentecostistas protestantes e com a recepção do “batismo do Espírito” por obra dos pentecostistas.
Em 13 de janeiro de 1967, “dia da oitava da Epifania, consagrado pela liturgia católica à celebração do batismo de Jesus por meio do Espírito Santo no Jordão, ... eles [os fundadores do pentecostismo] encontravam-se na casa de Miss Florence Dodge, uma presbiteriana que havia organizado um grupo de oração há algum tempo. O grupo reunia-se em sua casa com regularidade e ela habitualmente dirigia essas reuniões” (Le Retour de l’Esprit, p. 22, ed. du Cerf, Paris – livro dos Ranaghan, que figuraram entre os primeiros “pentecostistas católicos” e também entre os primeiros em escrever sobre o movimento carismático). Mais tarde, três professores de Pittsburg e a esposa de um deles assistiram uma primeira reunião carismática: “Deixou-nos uma impressão duradoura, diz um deles, de que ali operava o Espírito [?]” (Ibidem, p. 23).
Dois dos professores (Ralph Keifer e Patrick Bourgeois) assistem à reunião seguinte: “terminou – diz Ralph Keifer – quando Pat [Patrick Bourgeois] e eu pedimos que rezassem conosco a fim de recebermos o batismo do Espírito.
Eles se dividiram em vários grupos, porque rezavam por várias pessoas. Só me pediram que fizesse um ato de fé para que o poder do Espírito operasse em mim. Logo rezei em línguas”(Ib., p. 23). “Na semana seguinte – acrescentam os Ranaghan -, Ralph [Keifer] impôs as mãos aos outros dois [ou seja, ao outro professor de Pittsburg e à esposa de um deles] e também eles receberam o batismo do Espírito” (Ib., p. 24)O processo está a caminho: o iniciado torna-se iniciador e transmite o “influxo espiritual”. Todo o chamado pentecostismo ‘católico’ se encontra em germe nesses textos do livro dos Ranaghan. Prosseguindo sua leitura, vemos como a “corrente” passa de um dos promotores aos recém-chegados: “Um casal de noivos ... tinha ouvido falar do “batismo do Espírito Santo” e desejava recebê-lo. Aproximaram-se então de Ralph Keifer [um dos fundadores do pentecostismo “católico”] e pediram-lhe que rezassem com eles para que o Espírito Santo se fizesse plenamente em sua vida... Foram profundamente tocados pelo Espírito de Cristo. O Espírito manifestou-se muito rápido com o dom das línguas e aquele jovem e aquela senhorita louvaram a Deus” (Ib., p. 29). E tudo não acaba aqui: “Mas eles sabiam que, ao mesmo tempo, uma das jovens [membro do grupo pentecostista] ... tinha sido atraída para a capela e que ali tinha sentido a presença quase tangível do Espírito de Cristo. Saiu tremendo da capela e chamou os outros para que regressassem até ali. Os membros do grupo, sozinhos ou em dupla, dirigiram-se para lá e, enquanto estavam todos unidos em oração, o Espírito Santo se fez derramar sobre eles” (pp. 29-30). Salta à vista que essa espécie de “Espírito” sopra muito e “pneumatiza” todo aquele que se entrega a sua ação transbordante de favores carismáticos! Em poucas palavras: a corrente carismática passou do protestantismo herético e iniciático aos supostos católicos, provocando “efeitos maravilhosos” de ardor religioso que não podem ser explicados por uma causa sobrenatural, porque o Senhor não pode de maneira alguma participar de uma experiência feita por católicos desobedientes à Igreja, em um ambiente herético e com uma iniciação, um rito, abertamente acatólico.


(Revista Sim Sim Não Não, no. 137)